Resumão de Fim de Ano. Por Marcelo Funa

A origem da expressão "fechar com chave de ouro", usada para definir  um remate feliz está relacionada às obras literárias, principalmente os sonetos.  Para o Sonetista, “Chave de ouro”,  é o último verso de um poema, que dá sentido a todo o resto da composição. Embora sejamos  um bando de ignorantes, desconhecedores dos versos de Camões, a expressão  que ganhou o gosto popular, “caiu como uma luva”  para definir nossos últimos três encontros. Por isso, faço questão de relatar aqui neste Blog, um pequeno e verossímil resumo dos principais fatos ocorridos. Para facilitar a leitura, dividirei esta resenha em capítulos.  Então, vamos ao que interessa.

CAPÍTULO UM

O último racha do ano

Despejados por conta das festas de fim de ano, nos debandamos para o campo da Escola Superior da Policia Militar, vulgo campo da Força. Embora a confirmação do racha tenha ocorrido em cima da hora, muita gente compareceu para prestigiar a última pelada do ano.  Sem o tradicional café, suspenso até que seja divulgado o resultado do antidoping na mortadela,  nos encontramos num pé sujo situado ao lado  do Batalhão.  Lá, naquele nobre estabelecimento, tivemos a oportunidade de degustar um delicioso cardápio composto de ovo rosa, pão com calabresa, torresmo com pentelho, além dos tradicionais salgadinhos fritos em banha de porco. Após a nutriciosa refeição matinal, nos dirigimos ao campo e fomos surpreendidos pelo péssimo estado do gramado. É claro que isso não foi problema pra gente, pois como diz o artigo 3, das regras do futebol de macho, “o campo pode ser só até o fio da calçada, calçada e rua, rua e a calçada do outro lado e, nos grandes clássicos, o quarteirão inteiro”.

Como acredito que nada é tão ruim que ainda  não possa piorar, esqueci o campo e providenciei o sorteio das equipes. Foi neste momento que uma coisa, quer dizer, uma figura me chamou a atenção. Não gente, não foi Zumbi!!!. Como os amigos sabem, todo fim de ano é comum assistirmos partidas envolvendo artistas e profissionais da bola. E como nossa pelada é internacionalmente conhecida como o melhor racha do mundo, não poderia faltar famosos querendo jogar com a gente. E o Popstar daquele sábado foi Chimbinha, cantor e compositor da banda Calipso.

Chimbinha: Músico, goleiro e pegador de mulher feia.

Se com a guitarra, o marido da Joelma é uma enganação só (como alguns amigos que tem a tatuagem do Michael Jackson tatuada no braço), com a bola nos pés, ou melhor, nas mãos,  o curupira do Pará mostrou grande intimidade. Mas as surpresas não pararam por aí. Leite, que já tinha dado o ar da graça, entre outras coisas, no sábado anterior, surpreendeu a todos e pela primeira vez no ano, compareceu por duas vezes seguidas a pelada. Um recorde que seria batido posteriormente como veremos mais a frente. Com os três times divididos, demos inicio ao racha. A grama alta, o sol forte e o cheiro de comida que saia do rancho eram os grandes adversários a serem batidos. Porém, como diria o teólogo Henry Ward Beecher: “Quanto maior a dificuldade, tanto maior o mérito em superá-la”.  E a galera se superou. Principalmente Magrão, autor do gol mais bonito do ano e quisá da história de nossa pelada. O cara acertou uma meia-bicicleta daquelas que só são vistas nos vídeos onde mostram os melhores momentos da carreira de um grande jogador.  Uma pintura que palavra nenhuma é capaz de descrever.  Porém, antes de presenciarmos a obra de arte de Magrão, fomos obrigados a testemunhar o Show de G.I Joe, que fomentado por Anderson, parou o racha por quase 10 minutos.

Após receber o cartão azul, Dr.Carlos Devillard, como é conhecido nosso amigo nos presídios e fóruns deste país,  sentou a bunda no chão e fez pirraça dizendo que não sairia de campo.  Percebendo que a perraria não estava dando certo, G.I Joe resolveu fazer pior. Tirou o colete, colocou o capacete e saiu  com sua moto cuspindo maribondo pra tudo que é lado. Cinco minutos depois, quem aparece adrentando  os portões do batalhão? Ele mesmo. Só que mais  calmo, como se nada tivesse acontecido. Talvez, sabendo que algo estava para acontecer que mudaria seu status de vilão para herói do dia. Mas isso, descobriremos no próximo capítulo. Terminado o racha, nos reunimos em frente ao bebedouro do quartel. E ali, diante de todos  ouvimos mais uma pérola de nosso amigo Marcelão. Ofegante após o jogo, Vuvuzela virou-se para Curinga e meteu a seguinte frase: “Também, pudera, foi na Alemanha onde só fazem chuteira de couro de canguru”. Bom, até o mais mobral de nossa pelada sabe que os simpáticos marsupiais saltadores são oriundos da Austrália e adjacências e não da Alemanha.

Por fim, teremos  a oportunidade de ver a reconstituição da palhaçada de G.I Joe em campo e que foi filmado por nosso cinegrafista armador amador.   Por conta do episódio, G.I.Joe, e só ele, foi eleito o Bola Murcha da última pelada do ano. E é claro, Magrão pelo gol, o bola cheia.   

 CAPITULO DOIS

A Festa de Confraternização.

Horas depois de participarmos do último racha de 2010, nos encontramos para nossa festa de fim de ano. O evento que antes estava  marcado para o Municipal, foi realizado na residência do Marcio. Embora um pouco menor que o teatro, o salão apresentava  a mesma sensação de nobreza. Quem chegava era surpreendido pela linda decoração promovida pela design de interiores Edneide Ivo, ou se vocês preferirem, Rainha do Saara. Bolo personalizado, mural de fotos, ornamentação nas cadeiras... Uma mega produção. 

Bolo personalizado

Por isso, faço questão de em nome de todos do nosso racha, prestar essa singela, porém, sincera homenagem. Valeu Edneide!!!

Edneide: A Rainha do Saara

Cada casal que chegava era ovacionado pela galera. Só pra se ter uma idéia, 84 pessoas estiveram presente. Alguns, acompanhados de suas respectivas patroas. Outros não. Preferiram não correr o risco. Após enchermos a pança, demos inicio ao culto. O louvor foi comandado por Sassá Jorginho Mutema, Marcelão  Vuvuzela e Bruno Tanajura, além é claro, da esposa do pastor Douglas que deu uma palhinha no violão. 

Inimigos do ritimo

Em seguida foi passada a palavra ao Pastor Ricardo que leu um pequeno trecho da bíblia, que vai de Gêneses a Apocalipse. 

Pastor Ricardo após a maratona biblica

Após a leitura, fomos abençoados com a mensagem do pastor Douglas, que pra quem não sabe, é filho do Seu Brito, futebolista, poeta e jogador de peteca nas horas vagas.

Depois do culto iniciamos a premiação para os melhores e piores do ano. E se os amigos me permitem... A festa começou ali. O vídeo de abertura ficou sensacional. Capanga e Comparsa foram dez. E como não estavam presente, não puderam receber as honras pelo brilhante serviço prestado ao Nosso Racha Futebol Clube. Capanga por sinal, foi a revelação de 2010. Além de “dar pra um bom zagueiro”, o cara chegou vestindo a camisa e arregaçando as mangas. Muito obrigado meu velho!!!!

Começamos a premiação com o gol mais bonito do ano. Por unanimidade, a pintura de Magrão foi  escolhida.  Como diria Jorge Bem Jor, foi um verdadeiro gol de placa. 

Margrão: Uma placa de gol por um gol de placa.

 Logo em seguida, G.I Joe foi homenageado pela viadagem protagonizada em campo horas antes. E o prêmio não podia ser melhor. O amigo que adora jogar com uma segunda pele, recebeu uma meia-calça ¾, com fios antiderrapantes e que não desfiam nunca. Agora, quando der “piti” em campo,  G.I Joe  estará vestido com a indumentária completa.

Na seqüência, foi conferido a Curinga, que também atende pela alcunha de Jayme o prêmio de jogador mascarado, ou melhor, maquiado da pelada. E para fazer jus a indicação, nada melhor que um estojo de maquiagem. 

Curinga exibindo seu prêmio

 Maurição embora ausente também foi lembrado. E como não estava lá para receber o prêmio, Dandan sua cria mais jovem, ficou incumbido de receber a homenagem referente à “Maldição de Zumba”. Pra quem não sabe, Maudicezar roubou uma falta, se é que posso dizer assim, do nosso amigo Rogério. Puto do vida, a  criatura do mal rogou-lhe uma praga, dizendo que o ex-BBB nunca mais faria gols de falta. Pra tentar livrar Mauricio dessa ziquizira, Marcelão o presenteou com uma meia pra lá de usada por Rogério.  Maurição, você fez muita falta lá!!!!

Outro premiado da noite foi Gilvane Bombeirão. Pra combinar com seu uniforme de trabalho, Marcelão o presenteou com uma surrada cueca vermelha. Dizem que Gil não tira mais ela do corpo. Inclusive, a convite da G Magazine, deverá estampar um calendário destinado ao publico Gay. G.I. Joe vai adorar!!!!     

Gilvane recebendo seu prêmio

 Fabiano que adora passar as manhãs de sábado no Guanabara também não foi esquecido. O amigo foi contemplado com uma sacola biodegradável, ecologicamente correta e logo, nociva ao meio-ambiente.

Fabiano sendo contemplado com uma sacola de mercado

Léo Cagão foi mais um homenageado naquela noite. O prega solta foi presenteado com um pacote de fraldas descartáveis, a fim de que não se repita mais aquela cena do amigo “correndo” e a bosta “escorrendo” pelas pernas.

Outro prêmio bacana e que não podia  passar em branco era o de peladeiro mais comprometido com o Racha. G.I Joe, Ricardo e Walder não faltaram  um racha no ano. Mesmo quando não podiam jogar, estavam lá pra dar moral aos companheiros. Babu que mora no Rio só faltou a um racha por motivos que não convém falar aqui. Esses quatros foram exemplos de dedicação. Parabéns!!!!

Em contrapartida, houve aquele que deu a bunda pra galera, no bom sentido é claro. Só aparecia quando a patroa permitia. Leite, que era conhecido quando solteiro como “bem me quer” e “mal me quer”, ou seja, era um sábado no racha e outro com a namorada, piorou. Deu pra contar nos dedos da mão esquerda do presidente Lula, a quantidade de vezes que ele foi à pelada este ano. E pra justificar as ausências era  cada história de dar inveja a Monteiro Lobato. Só que no jantar meus amigos, ele foi. E não foi sozinho. A patroa estava junto. E ali, diante de todos, não teve pra onde correr. Ao ser chamado ao microfone para receber seu prêmio, uma coleira anti-fuga, a verdade apareceu. Admitiu perante a todos que é um banana submisso, abaixou a cabeça e permitiu que Karine lhe enfiasse o colar. Como um cãozinho manso fez campanha em prol das donas de casas, incentivando aos amigos a ficarem em casa nas manhãs de sábado. É claro que foi ovacionado com uma tremenda vaia. Leite seu frouxo, tome tendência!!!!

Leite e a coleira.

Logo depois foi a vez de conhecermos aqueles que foram os grandes destaques do ano. O pior e os melhores. Ricardo foi eleito o melhor goleiro. Aliás, nosso racha está bem servido de arqueiros. Ricardo e Alexandre são fantásticos e pegam muito. Ainda temos o Samuca, que quando pode, aparece para brincar com a  gente.  Antonio Maldine foi eleito o craque de 2010. Nosso zagueiro conseguiu manter o nível durante 12 meses, o que para uma pelada como a nossa é muito difícil. Sempre jogou sério e apenas em sua posição. Já Léo Lima, foi o grande bola murcha do ano. O cara que mais figurou (algumas vezes por merecimento e outras por pura sacanagem) na lista de piores do racha. Chegou até receber uma homenagem da câmera dos vereadores de Itaboraím, que batizou o trecho que liga o posto das cachorras  ao sítio JR de Avenida Léo Lima.

Antonio: Craque de 2010

Léo Lima: Bola murcha de 2010

Já no fim da festa, nos reunimos para a fotografia em grupo, como é feito em campo nas partidas que antecedem uma final. Uma galera em pé e outra agachada. É uma tradição após a fotografia,  que a galera posicionada em pé, empurre o pessoal que fica agachado, fazendo o que chamamos de avalanche. E numa confraternização como aquela, não poderia ser diferente. Entretanto,  ninguém percebeu que no meio daquele bando de homens, estava uma criatura ingênua, pura e de apenas 2 anos de idade. Mas  G.I Joe, num ato de bravura fez jus a seu apelido. Segurou Pedro em seus braços, deu um rolamento duplo flip escarpado e salvou a criança de uma tragédia. Em menos de 12 horas, G.I. Joe foi do céu ao inferno, quer dizer, do inferno ao céu, ou vocês esqueceram o episódio daquela manhã em que ele foi o grande vilão de nosso racha? Essas alternâncias da vida, me fez lembrar uma frase e que escreverei em forma de verso.

“No futebol é assim mesmo.

Um dia você é herói outro dia você é vilão.

De manhã G.I Joe foi bandido,

A noite ele foi o campeão”

CAPITULO TRÊS

Solteiro x Casado

Existe uma discussão muito grande no mundo esportivo, sobre qual o maior clássico envolvendo duas equipes de futebol. No Brasil, Vasco e Flamengo, e Grêmio e Internacional foram os mais votados, segundo pesquisa realizada pela revista Trivela, publicação especializada em futebol. Porém, existe uma rivalidade que é alimentada nos campos de peladas e que faz jus ao titulo de maior clássico do mundo: Solteiro x Casado. De acordo com essas criaturas, ser casado ou solteiro não é uma condição. É um ato de fé, uma missão a ser cumprida nesta encarnação e que Alá garante ser o único caminho do paraíso. Casados e Solteiros são praticamente dois grupos extremistas islâmicos radicais que vivem em guerra permanente. E dentro deste contexto, nos encontramos no 12º batalhão da policia militar, 6º campo do ano, para o grande duelo de 2010. Mas como já é costume, a peleja começou muito antes. Paus-duros e Rolas cansadas trocavam e-mails provocativos. Nas mensagens, uma coisa chamava atenção. Dihogo, capitão dos solteiros deixava transparecer em seus textos pra lá de moralistas, certo tom de covardia.  Tinha medo da convocação dos casados e alegava que não era justo chamar a rapaziada que não freqüentando o Racha. Ou seja, demonstrava mais preocupação com os casados do que com o próprio time. Todavia, no dia do jogo, a única surpresa nos Rolas cansadas foi Leite, que pelo terceiro sábado consecutivo esteve conosco. Recorde que dificilmente será batido por ele nos próximos 20 anos. Além de Leite, quase 50 pessoas compareceram ao Batalhão o que trouxe dificuldades na hora de escalar as equipes. O jogo começou e os “menudos” davam sinais que quebrariam a escrita de 4 anos sem vencer os casados. Após bate e rebate dentro da área, a bola sobrou livre para Bandido abrir o placar. Os Rolas cansadas sentiram o baque e não conseguiam trocar três passes. Xitó, Capanga e Cacalo estavam irreconhecíveis. Naquela altura do jogo, as pequenas dimensões do campo favoreciam a equipe de Dihogo e cia. Sem espaço para jogar, o contato físico era inevitável. Dandan, Léo Lima e Curinga faziam um rodízio de pontapés no tornozelo de Kichut. O excesso de reclamações e os constantes erros de posicionamento do auxiliar Bebê, fizeram que o árbitro Zerinho pedisse substuição. Maurição mal entrou e começou a distribuir cartões. Assim, a bola voltou a rolar e os solteiros quase ampliaram em cobrança de falta. Bandido acertou o travessão. Quase no fim do primeiro tempo, Saul fez bela jogada pela direita e acertou um golaço empatando o jogo. A torcida ainda comemorava o empate quando Willians entrou na área, driblou Samuca e colocou os solteiros novamente em vantagem. Chegou o segundo e com ele as mudanças. Funa entrou no lugar de Cacalo e Bebê no lugar de Anderson. Com dois minutos de jogo veio o lance e o personagem que mudaria a história do jogo. Saul cobrou escanteio e Funa posicionado na meia-lua da grande área, acertou um lindo chute na gaveta, empatando novamente o jogo. Cinco minutos depois veio a virada. Bebê lançou Funa na direita que cruzou na cabeça de Kichut. Este, com categoria colocou no contrapé  do goleiro. Gol dos casados. Atrás no placar, os solteiros deixavam espaços para que os rolas cansadas contra-atracassem. E não demorou muito para que os “Olden boys” ampliassem o marcador. Xitó bateu escanteio e Kichut, de novo,  subiu sozinho.  A essa altura, os solteiros estavam perdidos em  campo, a ponto de brigarem entre si. Creck que entrara no segundo tempo, se recusava a sair  de campo. Nesse instante, Fabinho que fora substituído por Baiano no inicio do segundo tempo, mgritou lá de fora: “Deixa Creck em campo ... ele ainda não fez nenhuma merda”. Depois da confusão, os solteiros diminuíram com Arlindo Jr. Porém, nos acréscimos Zerinho jogou a pá de cal. Recebeu um lançamento de Baiano, tirou do goleiro e com muita categoria deu números finais ao placar. Casados 5, Solteiros 3.

A verdade é que independente do resultado, todos saímos vencedores. Bom galera, é mais ou menos isso aí. Tenho certeza que esqueci de muitas coisas e peço a contribuição da galera nos comentários a fim de preencher as lacunas deixadas nesta resenha.

Um beijão a todos e um ótimo 2011. Logo postarei noticias a respeito de nossa pré-temporada.